Crônicas do Titanic
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"Eu não quero é que o barco afunde" - entrevista com uma militante do protesto contra redução do auxílio emergencial
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"Eu não quero é que o barco afunde" - entrevista com uma militante do protesto contra redução do auxílio emergencial

Semana passada aconteceram dois protestos contra a redução auxílio emergencial no Rio de Janeiro. Mariana apoiou e participou e agora está mobilizando para um terceiro nessa terça feira, às 10h da manhã. A convocatória foi registrada pelo canal Mandando a Real. Conversei com Mariana sobre os motivos da mobilização e o que ela pensa da política atualmente.

Quem tá chamando o protesto? Por que chamaram esse protesto?

Mariana: Quem tá chamando esse protesto é a população brasileira, tá? A gente não tem um nome pra te dizer quem tá chamando o protesto, a população chama o protesto. Com isso a gente foi dividindo em grupos, no WhatsApp e fomos nos comunicando por estados e fomos formando esse protesto nacional, tá? Ideia do protesto é todos os estados estarem nas ruas ao mesmo tempo no mesmo horário, não tá sendo fácil Victor porque isso começou semana passada, foi na correria. A gente tá fazendo tudo bem na correria.

Por quê nós estamos chamando esse protesto? Porque, na verdade, eles querem dizer que já voltamos ao normal, né? E não voltamos ao normal! A maioria das protestantes são mulheres, chefes de família, que estão com seus filhos em casa e que não tem como estar trabalhando agora. Chamamos esse protesto pra nos mostrar, mobilizados com as famílias que perderam seus ente querido pela doença, chamamos esse protesto, também pelos as pessoas que estão eh aguardando perícia médica a meses não recebe um real, chamamos também esse protesto, pelo Bolsa Família que está sendo muito injustiçado, tá? eh tá uma desordem de pagamento no Bolsa Família, né? Chamamos também porque esses seiscentos reais ele é um direito constitucional, que enquanto não decretarem o fim da pandemia eles têm que nos ajudar com um valor digno e o mínimo tem que ser seiscentos, trezentos reais, não dá pra nada.

Qual a importância do auxílio emergencial pra você?

A importância do auxílio emergencial pra mim no momento eu tenho um filho, né? Não tenho com quem deixar meu filho para trabalhar. Então a importância é tá mantendo a dignidade do meu é ter o dinheiro pra comprar o leite do meu filho, é teu dinheiro pra comprar as coisas do meu filho, é teu dinheiro pra tá pagando o meu aluguel, é teu dinheiro pra pagar a minha luz, entendeu? No momento não está tendo emprego a situação está muito difícil, a realidade é cruel e esse auxílio é um direito nosso. E os trezentos reais não dá, é injusto trezentos reais.

Que solução você acha que tem pra pagar essa conta?

Que solução que eu acho que tenha pra pagar a conta? Qual a conta? A minha conta ou a conta da economia porque estão dizendo que é o auxílio que está causando rombo uma grande hipocrisia sabemos que não é o auxílio e esse auxílio é um suporte só até dezembro pra que possamos nos organizar e voltar nossas vidas nós sempre trabalhamos, né? Os brasileiros sempre trabalharam, mas no momento a realidade é outra, os microempreendedores estão todos falidos, quem não tá vendo isso gente, são micro e microempresas que geravam quinze emprego, cinco, dez, vinte e as portas tão todas fechadas, né? Então não tem como, não tem como dizer que tá tudo normal, tá normal para os político porque o salário deles estão em dia, os auxílios deles estão em dia, esse absurdo de auxílio paletó no valor de quatro ponto oitocentos, quatro mil e oitocentos de auxílio-paletó, as regalias, é isso que tá difícil pra economia e agora querem nos negar nosso direito? Nós não aceitamos e nós vamos mostrar isso pra eles nas ruas.

Por que você acha que as pessoas que recebem o auxílio não aos protestos? Teria um recado para essas pessoas?

Sim, eu tenho um recado a todas as pessoas, sabe? Cada um sabe onde o calo aperta, né? Eu tentei mobilizar as pessoas desde quando ele decretou no dia dois, né? estamos aguardando. Ah, vamos aguardar o calendário, fechar, pra ver comé que vai ficar e com isso perdemos o mês de setembro. Mês de setembro houve uma desigualdade surreal no recebimento desse auxílio, né? Pessoas recebendo quarenta um reais, noventa e um reais, recebendo o bolsa família comum, sem consultar o restante, o residual pra formar os seiscentos, pra quem é mãe solo, né? Não houve as duas cotas, ele mudou totalmente as regras dentro barra dois mil e vinte, né? Então, o recado que eu tenho, cada um sabe onde o cara aperta, é só o começo, se a gente esperar porque o caldo já entornou o que eu não quero é que o barco afunde. Então nós não podemos esperar mais, nós temos que cobrar agora pra não perder o mês de outubro, mas três meses de seiscentos reais é o mínimo que a gente quer pra gente poder se organizar e manter o controle pra quando for ano que vem a gente voltar ao normal.

E pra sociedade que não recebe o auxílio, teria mais algo a dizer?

Em relação as outras pessoas, porque no auge da necessidade, eu não consegui fazer o chamado, eu tô tentando mobilizar também essas pessoas que eu te falei, as pessoas desempregada, as pessoas estão aí aguardando perícia e não estão conseguindo, né? Eh as pessoas que estão praticamente nas ruas porque já foram despejada eu acho que se a gente juntar as forças, a gente vai conseguir mudar essa realidade, porque vou voltar, eu vou repetir e vou dizer sempre. O que a população brasileira está passando no momento é uma humilhação e eu digo a todos, não tenham vergonha de mostrarem seus rostos e dizerem, estou com problema, estou com contas a pagar, não tenho dinheiro, não tenho comida, isso não é vergonha, tá? Venham, abracem a causa, juntos venceremos. Com certeza venceremos.

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Crônicas e prosas na perspectiva (humana, social, econômica e cultural) dos soterrados, dos desterrados, dos enterrados. Dos que ficaram para trás para salvar os que ficaram pra sair antes. Dos que saíram antes. Dos trabalhadores e trabalhadoras.