Crônicas do Titanic
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Bolsonaro mente: Boris Johnson nunca defendeu lockdown no Reino Unido
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Na Inglaterra nunca houve lockdown de verdade. Na verdade, por lá é que surgiu o pensamento que orienta o nosso presidente no Brasil. Vejamos a linha do tempo.

Ao fim de fevereiro deste ano, Dominic Cummings, principal assessor de Boris Johnson, Primeiro-Ministro da Inglaterra, deixa vazar que a estratégia britânica de combate à pandemia seria “imunidade de rebanho, proteger a economia e, se isso significa que alguns pensionistas morreriam, que pena”. Dominic Cummings é esse rapaz aqui que foi pego furando a quarentena

VIDEO: Boris Johnson's aide Dominic Cummings in bizarre PJ Masks ...

Logo depois, a 3 de março, Boris Johnson declarou em público que “o coronavírus não o impediria de cumprimentar as pessoas com um aperto de mão, acrescentando que ele iria apertando as mãos de todos em um hospital onde pacientes infectados estavam sendo tratados”.

Em início de março, a assessoria técnica do governo de Boris Johnson aconselha não ser necessário um lockdown. Esse governo, então, permite um evento de grande importância para o povo inglês, o Festival de Cheltenham, reunindo mais de 60 mil pessoas entre 10 e 13 de março de 2020. Várias pessoas saíram infectadas desse festival.

Assim como nos EUA e no Brasil, também na Inglaterra um jornalista e político chamado Daniel Hannan se aventurou no reino da epidemiologia amadora e projetou 5700 mortes, no máximo, para a Inglaterra, no intuito de combater qualquer medida de isolamento social e políticas públicas de seguridade durante a quarentena. Daniel Hannan é amigo próximo de Cummings e autor de um livro em que defende o desmantelamento do NHS, o sistema de saúde público da Inglaterra.

O dia 5 de março foi uma das raras vezes em que Boris Johnson falou publicamente sobre aplicar a imunidade de grupo na Inglaterra. Depois ele fingiu que nunca falou. Mas na época ele disse o seguinte: “Uma das teorias é que talvez você possa pegar esse vírus de frente, levar tudo de uma só vez e permitir que a doença, por assim dizer, se mova pela população, sem tomar tantas medidas draconianas” (em vídeo aqui).

Hoje ele nega, mas Pierpaolo Sileri é firme no desmentido ainda em junho desse ano: “Ele queria imunidade de grupo”.

Agora imaginem que tipo de política um governante desse aplicou, que tipo de quarentena, que tipo de coordenação ele deu aos esforços de combate. Não é à toa que nesse país morreram estonteantes 46.574, dos quais e pelo menos 33 mil excess deaths de idosos em instituições de longa permanência ao idoso (ILIPI).

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Crônicas e prosas na perspectiva (humana, social, econômica e cultural) dos soterrados, dos desterrados, dos enterrados. Dos que ficaram para trás para salvar os que ficaram pra sair antes. Dos que saíram antes. Dos trabalhadores e trabalhadoras.