Metade dos trabalhadores de saúde no Brasil não receberam os EPI necessários, diz pesquisa
Mais de 80% dos profissionais de saúde têm algum colega que se contaminou com a doença. Manifestantes em Goiânia mostram que precariedade não é regra social geral, é política de estado.
Em sua segunda fase, a pesquisa “A pandemia de COVID-19 e os profissionais de saúde pública no Brasil” realizou um survey com 2.138 profissionais da saúde pública, de todos os níveis de atenção e regiões do país entre os dias 15 de junho e 1º de julho. Ela encontrou que:
Metade dos profissionais continua sem receber Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
Mais de 80% dos profissionais de saúde têm algum colega que se contaminou com a doença
70% dos profissionais de saúde ainda não se sentem preparados para lidar com a Covid-19
Gabriela Lotta, uma das autoras da pesquisa, pontua: “Há alguns anos temos uma precarização das relações de trabalho no serviço público em geral e no SUS de forma específica. Durante a pandemia, estas relações têm gerado várias consequências, como assédio moral e obrigatoriedade de trabalhar mesmo em condições adversas ou sendo grupo de risco. Também recebemos relatos desta situação de profissionais do país inteiro. Por exemplo: profissionais obrigadas a continuar trabalhando grávidas; ou a trabalhar sem EPI e sem poder reclamar sob ameaça de demissão. Este cenário reforça a ideia de que estes profissionais precisam trabalhar quietos, trabalhar muito, não reclamar, não expor problemas. E só reforça o descaso generalizado do estado com os profissionais da linha de frente”. Mas não é sempre o caso. Após uma manifestação em apoio aos enfermeiros do hospital, mudou um pouco o tom do Hospital das Clínicas da UFG, em Goiânia.
ATO-HOMENAGEM NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS
Trabalhadores da rede de solidariedade do Juntos & Solidários do Negrão de Lima se manifestaram hoje na recepção do Hospital das Clínicas da UFG. A manifestação acontece em memória de Lucélia Martins Silva, enfermeira do HC que faleceu anteontem e dos 190 profissionais da enfermagem falecidos no Brasil. O país concentra o maior número de profissionais da categoria falecidos por covid-19 no mundo. Para se ter uma noção, o hospital referência de covid-19 de Atenas, Grécia, não um funcionário sequer infectado. O motivo? Estoque de EPI e gestão eficiente das filas. São mortes evitáveis. A manifestação também pautou: testagem em massa, com frequência fixa para os trabalhadores em maior risco, rastreamento mais agressivo dos contatos e a aprovação da PL 186 / 2020 que indeniza familiares e profissionais incapacitados por covid-19. Foi muito bem recebido pelos profissionais. Assim se junta a solidariedade de bairro e a resistência na linha de frente do local de trabalho.
Assim se manifestou uma enfermeira a respeito:
Pra além da exceção do protesto Gabriela Lotta comenta: “Como a linha de frente é quem está vivendo na pele estas situações precárias, sem apoio, recurso e equipamento, os casos em que o desespero aflora acontecem ali. Neste sentido, a linha de frente é de fato a mais afetada neste momento, porque para eles não existe opção de home office. E o que temos visto é este descaso do poder público em prepara-los para trabalharem bem e seguros neste momento”.
Esse achado é confirmado com os dados. Apenas 20% afirmaram receber algum tipo de apoio do Estado para lidar com problemas de saúde mental, 80% dos profissioanis nesta segunda fase da pesquisa relatam que tiveram colega contaminado. O nível de treinamento dos profissionais de saúde aumentou 10%, passando de 21,91% para 32,2%, englobando médicos e técnicos de enfermagem. Ou seja: 7 entre 10 profissionais não chegaram a receber treinamento.
#Os resultados do estudo vão ser apresentados na quinta (30), às 11h, pelo Zoom!#
ESCLAREÇO que NÃO DEI PARECER ALGUM. JUÍZES SÃO PROIBIDOS DE DAR PARECER E APENAS MANIFESTEI OPINIÃO GENÉRICA COMO PROFESSOR, EM RESPOSTA A UMA ENTREVISTA POR ESCRITO, E EM TESE. NÃO DEI PARECER ALGUM NO CASO, NEM QUALQUER SUGESTÃO DE ENCAMINHAMENTO. NEM PODERIA. LUCIANO COELHO. JUIZ.