Entrevista com André Janones sobre sua participação na luta do auxílio emergencial
Quando começou seu envolvimento com a pauta do auxílio emergencial? Por que você decidiu continuar envolvido com essa pauta?
André Janones: Assim que surgiu a hipótese de uma renda ser repassada ao povo para que se enfrentasse o momento caótico que estava por vir com o Covid-19, eu comecei a me movimentar pra que fosse um valor no mínimo "interessante", porque é sabido que a renda básica é o ápice do Estado de bem estar social e vendo sendo testada em diversos lugares, ninguém tem um modelo ideal, até pela variância econômica de país pra país e todos os outros aspectos, mas nós demos um primeiro passo ali. Além do que, ouso a dizer que esses 600 reais salvaram milhões de vidas pelo Brasil, se mostrando mais relevante até do que daria pra mensurar. Mas a gente tinha um problema, que era levar o auxílio a quem mais precisava, considerando que muita das pessoas da linha de extrema pobreza sequer tem acesso a informação, quem dirá a tecnologias, então eu me senti na obrigação de levar pra essas pessoas as informações mastigadas, bem claras e que aproximasse elas da realidade do momento, por isso as lives sempre foram diárias, pra que fosse um acompanhamento constante, assim as demandas que iam me chegando também eram atualizadas Como deputado eu pude brigar junto a caixa, junto ao Dataprev pelo respeito destes órgãos junto a essas pessoas, porque eles estão ai para servi-las. Eu já fui pobre, Victor, mas eu tenho vergonha de falar em pobreza hoje, tendo a oportunidade de conhecer tudo que eu conheci, eu não conhecia pobreza de verdade, hoje mais do que nunca, eu consigo enxergar a necessidade de se brigar por essas pessoas, dar voz aos excluídos mesmo. Colocar uma luz sob o problema, ir a onde outras pessoas talvez jamais foram, então é por isso que essa pauta está tão forte no meu mandato. O meu trabalho antes mesmo de ser deputado, sempre foi mais voltado pra área da saúde, eu advogava em causas de saúde de pessoas vulneráveis, ia pra porta de prefeitura, de hospital, de pronto socorro com a liminar judicial na mão e fazia todo barulho possível, até conseguir que fosse cumprido. Hoje eu carrego comigo um orgulho muito grande de poder dizer que ajudei a salvar vidas, mas com esse amadurecimento que vem com a idade e com a responsabilidade do cargo, eu consigo enxergar que a saúde vai além, e esse tema é também de saúde pública, de prevenção. A pobreza é um problema que precisa ser atacado e combatido diariamente e eu vou ser um dos instrumentos que trabalhará por isso até o meu último dia.
Sobre essas lives diárias - elas começaram com a implementação do auxilio emergencial e você as manteve desde então. Elas foram aumentando com o tempo? Quando começou a se tornar uma mobilização?
AJ: Eu faço lives desde a época que brigava como advogado, eu sei que o público em um geral não abre grandes matérias, muita das vezes a pessoa pode inclusive ser uma vítima do nosso sistema de educação básica precário e enfim, não conseguir ler ou não conseguir entender o que está lendo. Acho que ali não, na live nós estamos de igual pra igual, eu consigo falar com elas e ouvi-las, então, as lives só foram de fato aumentando, mas dependendo da pauta eu posso fazer 2, 3 num dia importante, pra de fato levar a informação. Uma das minhas promessas de campanha foi mostrar pras pessoas o que acontecia lá dentro, de entrar ao vivo e mostrar quem estava votando contra o povo, transformar num "BBB" mesmo. Pra que não aconteça como já vimos dezenas de vezes, que aprovem coisas prejudiciais ao brasileiro na calada da noite, sem que ele saiba. Então, o deputado que se compromete a trair o voto de confiança que deram nele, fará isso ciente de que terão milhões de pessoas vendo o que ele está fazendo, porque eu vou mostrar. Quando entrava na justiça, conseguia a liminar judicial, não era suficiente pra prefeitura cumprir. Foi quando eu comecei a fazer barulho e carregar comigo todo mundo que se indignava com a situação.