2) Consumo de ivermectina sextuplicou no Rio Grande do Norte em 2020
Mais de 90% dos pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva no estado tinham feito uso do medicamento.
De acordo com dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF), a compra de ivermectina saltou de 161 mil caixas de remédio em 2019 para 1 milhão 220 mil em 2020 – um aumento de 656%. Talvez isso ajude a explicar porque a infectologista Marisa Reis, integrante do Comitê Científico do Rio Grande do Norte, declarou que mais de 90% dos pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva tinham feito uso do medicamento.
Estudo Clínico Controlado: remédio aplicado em fase precoce da COVID-19 não faz diferença nos sintomas ou hospitalização
Estudo recém publicado na Eclinical Medicine pela Clínica Universidad de Navarra (pode ser acessado aqui) avaliou o impacto do tratamento de ivermectina em pacientes que reportassem a doença nos primeiros sintomas. Eles avaliaram: sintomas, hospitalização e entrada na ventilação mecânica. Os pacientes foram recrutados entre 31 de julho 11 Setembro de 2020. Todos os pacientes foram recrutados dentro de 72h do primeiro sinal de tosse ou febre. Os pacientes foram randomizados 1:1 pra receber 400mcg/kg de ivermectina e placebo.
Não houve redução significativa dos sintomas ou das hospitalizações entre os pacientes que receberam o placebo e a ivermectina. Por enquanto não há ainda outros estudos clínicos controlados com peer review com a ivermectina para comprovar algum efeito clínico relevante do remédio.
Contradição entre a Merck e a Vitamedic
A Merck, empresa internacional que inventou a ivermectina mas perdeu sua patente em 1996, declarou recentemente que não há evidências que a ivermectina tenha efeito clínico relevante para a COVID-19 e que os poucos estudos com segurança recomendam cautela. Já a Vitamedic, que hoje é a principal fabricante brasileira do medicamento, afirmou que
“Desde a eclosão da pandemia da COVID-19, em março de 2020 no Brasil, a Ivermectina passou a ser uma das alternativas para tratamento precoce da doença, especialmente quando estudos clínicos in vitro realizados pela University Monash, de Melbourne, Austrália, apontaram a ação antiviral do medicamento”.
De acordo com a Valor Econômico, a venda de ivermectina no Brasil saltou de R$44 milhões em 2019 para R$409 milhões em 2020 – uma alta de 829%. Entre os medicamentos do “kit covid” é o que teve o maior rendimento e lucratividade. Os laboratórios nacionais Vitamedic foram os campeões nacionais desses medicamentos no ano passado.