O que querem Luciano Hang e Carlos Wizard?
O objetivo de desmoralizar a mobilização e o chamado por um lockdown que salve vidas.
Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, anunciou projeto de permitir a compra de vacinas por empresas privadas após conversa com “empresários”. Entre os empresários duas presenças se destacam: os bilionários Carlos Wizard e Luciano Hang. Se destacam porque não querem doar todas as doses para o SUS. Mas também porque Wizard é um conhecido lobbista da proposta da vacinação privada em meios governamentais, enquanto Hang é um notório defensor da medida em meios públicos como a Joven Pan. De acordo com essa rádio bolsonarista, esses empresários já teriam garantido “dez milhões de doses no exterior”.
Qual a ideia desses filantropos? É o seguinte: “O maior programa econômico hoje é vacinação em massa para que as pessoas possam voltar a trabalhar, a consumir, a andar nas ruas”. Ou seja: o objetivo da aquisição das vacinas é fundamentalmente acabar com o distanciamento social e com as medidas de restrições de mobilidade. Não se trata de salvar vidas.
Não por acaso, Luciano Hang e Carlos Wizard são também os maiores promotores empresariais do “tratamento precoce” ou do “kit covid”. Luciano Hang promove desde fevereiro uma campanha para que empresários locais convençam suas Câmaras Municipais e prefeitos com doações e pressão a adotar o tratamento. Já fez isso em Brusque, Santa Catarina, cidade onde mora. Quando a mãe de Hang faleceu, ele insinuou que ela poderia ter morrido por não ter adotado um tratamento com cloroquina no começo da doença.
Já Carlos Wizard, no breve momento em que passou pela gestão pública, não escondeu que era radicalmente contra as restrições de mobilidade. Questionou os dados dos óbitos por COVID-19. Quando saiu, falou que queria “ajudar a saúde na sociedade civil”. Criou um “conselho médico científico” para promover o tratamento precoce nacionalmente. Os médicos que compõem esse conselho estão presentes em lives semanais promovendo os remédios sem eficácia em todos os estados da federação e em diversos municípios.
O objetivo é o mesmo: que as pessoas possam voltar a trabalhar, a consumir, a andar nas ruas. Mesmo que a doença continue grave. Então, a vacinação pensada por esses dois empresários não tem o propósito de imunização coletiva. Ela tem, sobretudo, o objetivo de desmoralizar a mobilização e o chamado por um lockdown que salve vidas. Para que a economia funcione a qualquer custo. É transformar a vacina em uma espécie de tratamento precoce.