Cuidadores de idosos reclamam de política contraditória de vacinação em Goiás
Secretaria Estadual e Municipal de Saúde dizem que não há previsão para cuidadores particulares
“A quase um mês foi seu José morreu comigo pelas sequelas do covid” conta Marisa Silva, cuidadora particular, “eu estive a 6 meses com idosos que depois de pegar COVID já morreram na minha frente quando eu cuidava e não pude fazer nada”. Quando perguntou se poderia ser vacinada, Marisa foi informada que não estava no grupo de risco e não tinha prioridade naquele momento.
Sem previsão de vacinação
A Secretaria de Saúde de Goiás, quando acionada pela Associação de Cuidadores de Goiânia e Região Metropolitana, falou que não havia previsão e indicou à associação que fosse ao munícipio. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) “não há previsão no Plano Nacional de Imunização pra cuidadores particulares” e portanto nem no plano municipal de imunização. “Mas os abrigos de Goiânia todos tiveram seus idosos e trabalhadores vacinados”, me garantiu a Assessoria da SMS.
Esquecidos
“Muito se fala dos médicos e enfermeiros nessa pandemia” me conta Marivane Maia que trabalha em abrigo e foi vacinada “mas nós cuidadores também estamos na linha de frente e nem todo mundo lembra”. Qual a diferença entre as duas? Uma é cuidadora em abrigo, a outra é particular. Mas ambas cuidam de idosos vulneráveis e estão expostas à COVID. E ambas deveriam ser vacinadas.
A nota, assinada por Dalia Romero, Coordenadora do Grupo de Informação e Envelhecimento (GISE/LIS) da Fiocruz e mais dez pesquisadores trata do acesso prioritário para os idosos com limitações funcionais e seus cuidadores(as). A nota coloca como necessária “que a prioridade de vacinação, entre os trabalhadores de saúde, inclua aos cuidadores de idosos que atuam nos domicílios”. Bruna Vieira da Silva, cuidadora particular, conta que “Quando foi liberado para profissionais da saúde fui vacinar levei minha carteira que é assinada como cuidadora, fui informada lá que não poderia vacinar”.
É por situações como essa – vários cuidadores não estão registrados como cuidadores na carteira também – que a nota sugere “que os profissionais responsáveis pela vacinação sejam orientados a aceitar formas diversas de comprovação do exercício da atividade de cuidador de idosos, tais como declarações emitidas pelos contratantes, inclusive nos casos de atuação em casas de famílias e no âmbito do emprego doméstico”.
A nota também sugere “Que os dados sobre a vacinação de idosos com limitações funcionais e seus cuidadores sejam monitorados e publicados”. Atualmente não existem dados específicos de vacinação em Goiás ou Goiânia sobre idosos com limitações funcionais ou seus cuidadores remunerados ou não remunerados.